A cidade do Rio de Janeiro foi anunciada, nesta sexta-feira, como sede da Conferência da Década dos Oceanos 2027. O evento será co-organizado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da Unesco, no seu papel de agência líder da Década dos Oceanos; pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil; e pela cidade do Rio de Janeiro. A Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Década do Oceano, foi declarada pelas Nações Unidas em 2017 e compreende o período de 2020 a 2030.
Objetivo da conferência
O objetivo é consciencializar a população em todo o mundo sobre a importância dos oceanos e mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.
O evento no Rio pretende ser um marco global que reunirá ciência, políticas e sociedade para impulsionar a ação oceânica, destacar soluções transformadoras e moldar o legado da Década dos Oceanos.
“O Rio tem uma trajetória marcada por importantes conferências climáticas, desde a Rio-92, e continua na vanguarda das discussões sobre sustentabilidade. A proteção dos oceanos é um tema cada vez mais urgente, e o Rio — banhado pelo Atlântico — é o cenário ideal não só para celebrar o mar e as praias, mas também para promover a consciencialização da população sobre ações e soluções em defesa dos oceanos”, afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Com mais de 10.000 quilómetros de litoral, vastos manguezais na costa amazónica e os únicos recifes de coral no Atlântico Sul, a profunda conexão do Brasil com o oceano torna-o um palco adequado para o encontro global e amplifica o papel do país na ação oceânica global como parte da Década dos Oceanos. A cidade do Rio de Janeiro, em si, possui um litoral de 197 km, incluindo mais de 100 ilhas.
No entanto, apesar dos esforços para promover a conservação marinha, o Governo brasileiro atualmente apoia a exploração de petróleo em uma área marinha na foz do rio Amazonas.
Na semana passada, o país promoveu um polémico leilão de áreas de petróleo no qual ofereceu concessões perto da foz do Amazonas a empresas interessadas em operar na região sensível e pressiona autoridades ambientais para que concedam a respetiva licença.
A ministra brasileira da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Barbosa de Oliveira Santos, saudou o anúncio, declarando que “o Brasil está firmemente comprometido com as ações da Década dos Oceanos. Com uma comunidade científica oceânica engajada e influente, e o envolvimento ativo de vários setores da sociedade, o Brasil está – como o Cristo Redentor – de braços abertos para recebê-los. Juntos, continuamos transformando o conhecimento em ação para oceanos sustentáveis”.
Assente a partir da Conferência da Década dos Oceanos 2024 que ocorreu em Barcelona, Espanha, a edição de 2027 é vista como fundamental para mostrar e acompanhar o progresso em direção às prioridades da Declaração de Barcelona.
Chefes de Estado, representantes governamentais, cientistas, sociedade civil, filantropia e setor privado estarão reunidos para refinar as prioridades estratégicas da Década nos próximos anos e a direção para o legado da Década, além de 2030.
Vidar Helgesen, secretário Executivo da Unesco-COI e Diretor-Geral Assistente da Unesco, afirma esperar “trabalhar juntos para abrir um novo capítulo na jornada da Década dos Oceanos em direção a um futuro oceânico sustentável”.