Berlim vai reforçar significativamente a sua frota de autocarros elétricos com a aquisição de mais 270 veículos articulados da Solaris, fabricante polaco especializado em soluções de mobilidade elétrica do grupo espanhol CAF. A encomenda surge no seguimento de um acordo-quadro assinado em 2023 entre a Berliner Verkehrsbetriebe (BVG) e a Solaris, que prevê até 700 autocarros articulados elétricos para a capital alemã.
Uma frota em expansão… mas com metas revistas
Este novo lote junta-se às primeiras 50 unidades do modelo Solaris Urbino 18 já encomendadas em dezembro de 2023. Os 270 novos veículos terão as mesmas dimensões e serão equipados com baterias Solaris High Energy, passíveis de carregamento por ficha ou pantógrafo.

Embora o fabricante não detalhe as especificações técnicas desta nova tranche, tudo indica que os veículos manterão as características do primeiro lote: baterias de cerca de 700 kWh e 41 lugares sentados, o que lhes confere uma autonomia adaptada às exigências operacionais da cidade.
Com a entrega total das primeiras 50 unidades, a BVG deverá fechar o ano com cerca de 280 autocarros 100% elétricos em operação, num universo total de cerca de 1.500 veículos. O objetivo intermédio da operadora é chegar a 500 autocarros elétricos até 2027, estando previstas 36 paragens de terminal preparadas para carregamento durante o serviço.
Pressões orçamentais adiam meta da neutralidade
Apesar da clara aposta na mobilidade elétrica, a BVG já não garante a meta de eletrificação total da frota até 2030. Cortes transversais no orçamento dos serviços públicos levaram a empresa a adotar uma abordagem mais flexível: fala-se agora numa transição “ao longo da década de 2030”.
Para os restantes 10 a 20% da frota, a estratégia passa pelo recurso a combustíveis de transição. Em particular, a BVG admite o uso de HVO100 (óleo vegetal hidrotratado) produzido a partir de resíduos e materiais residuais. O CEO da empresa, Henrik Falk, defendeu essa opção numa entrevista ao Tagesspiegel Background, considerando que os elétricos a bateria devem representar entre 80% e 90% da frota até 2035, sendo o HVO uma solução complementar para o restante.