O primeiro automóvel elétrico da Ferrari custará pelo menos 500.000 euros, de acordo com o que disse uma fonte próxima do assunto à agência Reuters, isto numa altura em que o fabricante inaugurou uma nova fábrica na sua cidade natal de Maranello, no norte de Itália, que se destina também à montagem desse modelo. A estimativa de preço, de meio milhão de euros, não foi, todavia, confirmado pela marca.
Este modelo elétrico é um marco histórico para a marca do cavallino, que nunca teve na sua história senão motores a gasolina, com particular foco nos inúmeros V6, V8 e V10 potentes (estes na Fórmula 1). E mesmo o seu primeiro híbrido Plug-in, o SF90 Stradale (lançado em 2020) e subsequentes variantes SF90 XX Spider e SF90 XX Stradale (surgidas neste 2024), recorrem a um potente V8 biturbo de 4.0 litros. Também os PHEV Ferrari 296 GTB e GTS são animados por um V6.
Este preço indicativo, que não inclui personalizações e extras que normalmente acrescentam 15-20% ao preço base, está bem acima do valor médio de venda de cerca de 350.000 euros, incluindo extras, de um Ferrari no primeiro trimestre deste ano, e será um dos Ferrari novos mais caros.
A rival Lamborghini planeia começar a vender o seu primeiro modelo de veículo elétrico em 2028. O seu CEO, Stephan Winkelmann, disse à Reuters que é mais importante ter o produto certo do que ser o primeiro.
O modelo deverá ser lançado no final do próximo ano e o preço previsto mostra a confiança da marca de que os seus clientes mais exclusivos vão querer tê-lo nas suas garagens e estão já recetivos a fazer essa transição para os puros elétricos, até porque, em 2023, a Ferrari vendeu já 44% de veículos PHEV. É verdade que a autonomia destes PHEV é de apenas 25 km, mas demonstra que os clientes da marca já interiorizaram o “chip” da eletrificação, num contexto em que a Porsche tem desde 2019 um elétrico (o Taycan), ainda que num escalão de preço muito inferior (€107.429).
A agência Reuters refere ainda que um segundo modelo EV também está a ser desenvolvido, com o processo a estar numa fase inicial.
Os elétricos Ferrari terão “assinaturas sonoras” que irão emular as produzidas pelos seus famosos motores de combustão.
A Ferrari prevê que aproximadamente 60% da sua oferta até 2026 seja de automóveis elétricos ou híbridos.
A nova fábrica da Ferrari, a e-building
A nova fábrica, que a Ferrari apelida de e-building, foi inaugurada há uma semana, ainda que venha a estar totalmente operacional dentro de três a quatro meses.
A nova fábrica dará ao construtor a capacidade de passar a produzir cerca de 20 mil veículos/ano, um salto face aos cerca de 14 mil anuais atuais.
No entanto, este crescimento será feito através de um aumento da oferta do número de modelos disponíveis e não pelo aumento do número de exemplares de cada modelo. O manter a produção da marca dentro de limites definidos visa garantir que a Ferrari continua a ser sinónimo de exclusividade e, assim, não haja uma perda de valor da marca.
A fábrica em Maranello dará à Ferrari uma grande flexibilidade de produção, com uma linha de montagem de veículos apta a produzir elétricos e automóveis a gasolina e híbridos. O e-building também produzirá os componentes elétricos para os híbridos e os EV: baterias de alta tensão, motores elétricos e eixos.
O edifício da fábrica foi projetado para atingir níveis de desempenho energético elevados, sendo alimentado – entre outras fontes – por mais de 3.000 painéis solares instalados no telhado que produzem 1,3 MW. Com o encerramento da central de trigeração, previsto para o final do ano, o edifício será, então, inteiramente alimentado por energia renovável, produzida a partir de fontes internas e externas com garantia de origem.
Foram adotadas várias soluções para reutilizar a energia e a água da chuva no ciclo de produção. Por exemplo, mais de 60% da energia utilizada nos testes de baterias e motores será recuperada em acumuladores e redirecionada para alimentar novos processos.